sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Dialogar sim, monologar não.


Ando irreversivelmente pensativo.
Não é tristeza, não é depressão. Só uma necessidade estranha de ficar quieto e observar (foram dois dias). Será que isso é um contato com o Eu Interior? Pode ser. E, se for, até que é bom, porque às vezes o meu Eu Exterior (e o dos outros) me enche o saco.
Cansei de bundas e peitos. Tchutchucas e tigrões, então, me dão náuseas. Pra alguns - essa pessoas que vivem como se precisassem ficar cada vez mais atraentes pra não se sentirem um item encalhado na gôndola do supermercado - a embalagem é o mais importante num produto. É pelo brilho do papel que se atribui o valor da mercadoria (quem consegue negar que nos portamos como tal?). Eles se esquecem de que ninguém consome embalagens; o destino delas é o lixo.
Embrulho só serve para proteger e embelezar o que realmente importa - o conteúdo. É, ainda sou ingênuo o bastante pra acreditar nessa baboseira de conteúdo. Paciência.
Carnes balançantes, discursinhos ocos decorados e bíceps bem definidos não me atraem. Peitos empinados e quadris rebolantes, só fazem mover um músculo do meu corpo (creio que não preciso citar qual). Devo ter nascido com alguns neurônios faltando, porque não consigo sacar a magnitude e a delícia que essas pessoas vêem em viver assim, indo, apenas indo.
Sou medíocre demais pro hedonismo, talvez. Ou seja, sou careta mesmo, Caretésimo.
O certo é que, quando olho à minha volta, me sinto um ser transgênico: gosto de dialogar, não de monologar narcisicamente sobre o quão grandioso é meu mundinho. Eu me sinto feliz em ajudar quem eu gosto e não só quando faço algo que seja proveitoso pra mim. Adoro conhecer pessoas pra poder, de alguma forma, fazer parte da vida delas e não para acrescentar nomes e sobrenomes ao meu mailing.Tenho problemas sérios, como você pode notar. Mas o mais sério deles é pensar demais. "Dos ignorantes é o reino dos céus" é a maior verdade do universo: pensar nos lança ao inferno do questionamento. E é péssimo procurar por respostas quando ninguém está preocupado nem com as perguntas.
Se perdi a fé na humanidade e virei um velho amargurado aos 26 anos? Não, isso é papel de vítima e não sou bom ator o bastante pra interpretá-lo. Também não vou abandonar a cidade e me dedicar aos pés de alface: é uma solução covarde demais. Prefiro mudar o que consigo tocar em vez de sair correndo de medo. É pouco, mas é o que posso.
Esse não é um discurso moralista, por mais que pareça. É somente uma dúvida muito particular: onde estão as pessoas do mundo? Porque bonecas articuladas de plástico com bundas de aço, eu vejo todos os dias na televisão, em academias em festas. Mas gente, daquelas que choram, contam piada, têm medo da morte e olham pra você e não por você, eu não encontro assim tão fácil.
Já sei, talvez eu esteja no supermercado errado.

Um comentário:

Cleisson disse...

Creio que o espírito de natal baixou em ti nesses dois dias Sr. Cícero, rs.
Realmente, as pessoas de hoje estão muito ligadas as aparências e esquecem um pouco de enxergar a essência das pessoas, o que deveria ser levado mais em conta. E é muito difícil encontrar gente que pense de modo contrário, pois o mundo de hoje, todos nós somos induzidos a pensar dessa maneira.
E pra terminar o comentário de maneira superficial, adorei o novo visual do blog! hehehe
Abração ;)